Por Sarah
Camilo
Quem disse que professores não amam? Sim, professores
amam seus alunos. Acreditem!
8? 9? Isabela ainda era uma
criança. Sempre estudou em escolas da rede pública até o ensino médio. Naquele
tempo, pouco se comunicava e não tinha, praticamente, nenhuns amigos, tampouco
amigas.
Nunca se dava bem em
atividades escolares e não tirava boas notas nas provas. O que a deixava muito frustrada.
Quando estava na terceira série tivera seu pior pesadelo: Acordar cedo e
encarar a multidão, mas na verdade eram só os outros alunos da escola, porém
aquela escola lhe dava medo.
Silenciosa, ouvia a
professora. Ouvia a “conversa paralela”. Muda? Não, não era. Só não tinha VOZ.
Não tinha CORAGEM de FALAR. Acreditava que se falasse algo seria, de alguma
forma, rejeitada. Então permanecia em silêncio.
Observava o comportamento
das outras meninas e pensava: Queria ser assim. Queria ser como elas. Isabela
era diferente e o mais terrível é que ela já sabia disso. Como? Não sei. Às vezes, ou melhor, muitas
vezes, por descuido, não levava seu material completo. Faltava borracha, lápis ou
o apontador. Então, vergonhosamente, pedia a colega ao lado a borracha
emprestada. Gentilmente emprestara. Um dia, outra garota disse: Não empresta
mais. Minha mãe diz para eu não emprestar meu material para ninguém. A partir
de então a garota que havia emprestado a borracha não me emprestava mais.
Havia um mapa de sala. A
professora organizava os alunos em fileiras e aqueles que tinham um pouco mais
de dificuldade sentavam bem à frente. Era a da segunda cadeira da terceira
fila.
Algumas vezes, os filhos da
professora iam para a escola junto com ela. Acha um máximo!
- Os filhos da professora na
mesma sala que eu!
Um dia, a menina que sentava
atrás de mim sorriu para a filha da professora, que gentilmente sorriu de
volta. A professora observou e acho que pensou que sua filha sorrira para mim,
quando na verdade era para a menina de trás.
Então, um tanto envergonhada,
olhei para a professora e ela olhou para mim. O que me deixou ainda mais
constrangida, porque também não tinha coragem de OLHAR nos olhos das pessoas.
A professora não olhou
apenas em meus olhos. OLHOU PARA DENTRO DE MIM. OLHOU PARA O MEU CORAÇÃO.
OLHOU-ME COM AMOR DE MÃE. Nunca me esqueci daqueles olhos claros olhando para
os meus, castanhos.
SURPREENDENTEMENTE, a
professora se levantou e foi até minha mesa e me cobriu de beijos e abraços. Não sabia o que fazer.
Apenas sorri timidamente. Sei que por dentro pulei de alegria e percebi que
diante daquela multidão na escola havia alguém que me amava.
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