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quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

VESTIDA DE LIBERDADE

A menina estava vestida com a sua própria liberdade, mas só depois pôde vê-la

por Sarah Camilo

Olhem o vestido dela! Está cheio de corujas! Gritaram as crianças.

A menina assustada olhou para o seu vestido com cara estranha. Cara de interrogação! E se questionou silenciosamente: O que é que tem as corujas do meu vestido? E completou: elas são tão quietinhas.

Bom, mas essa menina, não sei o seu nome, voltou para casa encucada com as corujas e com o espanto das outras crianças. No carro, silenciosa a pensar.  Sua mãe até achou estranho, pois ela é faladeira de costume. Fala, fala, não respira e fala mais um pouco.  Então, preocupada a mãe perguntou: Você está bem, minha filha? A menina só balançou com a cabeça, sim!

Obviamente o vestido foi lavado, mas a essas alturas do campeonato a menina já até esquecera que tinha um vestido cheio de corujas.

Certo dia, a família marcou de se reunir para uma festa de aniversário e a mãe pediu para que a menina pegasse o vestido com corujinhas, pois seria esta a vestimenta para a tal festa. Aí a menina subitamente gritou: O vestido de corujas!!!!!

Correu ao seu quarto e abriu ofegante a porta de seu guarda-roupa para pegar o vestido. Para a sua enorme surpresa o vestido não estava lá, o que encontrara era apenas um vestido branco. Ou estava? Pensativa desabafou com a mãe: mamãe, o vestido não está lá.  Não sei onde está! A mãe insistiu: coloquei-o no cabide ontem mesmo. Está lá sim!

Pacientemente, virtude que não lhe pertence, a menina olhou novamente dentro do guarda-roupa. Para a sua enorme surpresa e espanto viu uma pequena coruja no cantinho do guarda-roupa. Olhou para um lado e para outro para certificar-se de que não fora alguém que colocara aquela coruja lá. Olhou de novo. Apavorada deu um grito: AAAAAAAA! Da sala sua mãe perguntou: Aconteceu alguma coisa? A menina, espertamente respondeu: Nada não mãe, foi só um susto!

Curiosa que é resolveu retirar todas as roupas e procurar peça por peça. Bem devagar fechou a porta do quarto. Queria resolver isso sozinha. Ficou parada em frente ao guarda-roupa, como se fosse desvendar um grande mistério. Respirou fundo. Abriu as duas portas. E quando de repente seu quarto é invadido pelas corujas! Pasma, a pobre menina ficou de boca aberta e sem reação.

As corujas não paravam de bater as asas. Batiam! Voavam! Batiam! Voavam! Como que suplicando a liberdade!

A menina, corajosamente, foi até a janela. Abriu-a e deu liberdade às corujas que estavam presas em seu vestido.

Chorava, chorava muito. Não com sentimento de tristeza por seu vestido não ter mais nenhuma coruja, mas por ter conhecido e visto com seus próprios olhos a alegria da liberdade! Mesmo criança, talvez a voz de Deus sussurrasse em seus ouvidos: Filha, você também pode ser uma coruja. Voe o mais alto que puder e seja livre!