UM HOMEM. Um olhar distante
e solitário. Poucas vestes. Sem mochila. Sem ninguém. Sentado no mesmo lugar. Do
mesmo jeito. No ponto de ônibus... Continua.
No primeiro instante achei
que era apenas mais um cidadão cansado que estava esperando sentado para
apanhar o ônibus e ir para o seu destino. Hoje percebi que era um ser humano
desumanizado. Alguém o roubou dele mesmo e talvez nem tenha se dado conta disso.
Esse homem continua à margem da sociedade e esse tipo de realidade a mídia não
tem interesse em divulgar.
Cadê a inteireza desse homem?
Para onde ele quer ir?
Será que o ponto de ônibus é
o que restou de referencial na vida dele? Será que o ponto de ônibus se resume
na esperança de encontrar-se? Encontrar o seu caminho? Não sei!
Eu, sinceramente, não sei o
que dizer a respeito dessa situação no Brasil, em meu estado, em minha cidade.
Acredito que a Avenida Vitória dará sorte a esse tal homem de expressão vazia e
sem sentido.
Não há como negar que cada
um de nós já passamos por momentos inquietos e difíceis, muitas vezes sozinhos
e que esquecemos, por alguns instantes, o sentido da vida e qual é o nosso
papel no mundo. Todavia, ainda temos alguém para nos lembrar de quem
verdadeiramente somos e que ao invés de nos roubar, roubar a nossa
subjetividade, essas pessoas nos devolvem.
Não sei o que levou ou o que
leva esse de quem falo a estar sentado. Parado. Vendo a vida passar com olhar
triste e com sobrancelhas franzidas. Será que ele tem alguém para lembra-lo de
quem ele é? Será? Cadê essas pessoas? Será que ele está as esperando? Mas já
passaram tantos ônibus. Já passaram tantas pessoas. Ninguém desceu. Ninguém
parou. E ele continua parado. Em silêncio. Sozinho. Em silêncio e sozinho.