Quando
uma palavra soa estranha pra você, cuidado. Pois ela pode estar se sentindo
sufocada e com vontade de sair pela boca para voar.
Vontade. Essa palavra nunca
me pareceu tão esquisita como hoje. Nunca. Nunca mesmo. A pronúncia “Von”
parece que há algo de errado com a palavra, no que diz respeito à escrita.
Vontade. Tenho vontade de que? Não sei. Uma diabólica sensação de angústia me
tomou de súbito quando escrevi a palavra VONTADE.
Por mais simples que parece,
por mais doce que possa parecer, por menor que seja a palavra, ela pode
destruir e confundir tudo o que você aprendeu até agora. A dúvida patética de
que se é “von” ou “van” TADE. A palavra bate no conhecimento como uma marreta
bate no alicerce de uma construção, e que em apenas uma batida toda estrutura
estremece, e não demora muito tempo para que a construção caia por terra.
É no desmoronamento de algo,
da vida, da construção não de uma obra, mas de um texto, é que a palavra nos dá
a graça de RECOMEÇAR. A palavra destrói e ela mesma, a própria nos leva a
começar tudo de novo com VONTADE. Cuidado com a palavra nunca é demais. Nunca.
Assim como nós, a palavra é um organismo VIVO, ela também pode matar, mas
também vivifica.
Ah, vontade de escrever
mais. Vontade de amar sem querer nada em troca. Vontade de ter alguém pra
abraçar. Vontade de ser feliz. Vontade de sorrir e de chorar. Vontade de ser “mundamente”
louca. Vontade de ser diferente. Vontade de ser simples. Vontade de me
encontrar e ser encontrada. Vontade de apenas ser. Vontade de gozar loucamente
e depois rir, rir muito. Vontade de beber com os amigos. Vontade.
De tanto repetir “VONTADE”,
estou apaixonada pela vontade que invade a minha alma. Não ainda de quê, mas
sinto. Ainda há palavras que estão com vontade de serem tecidas. Teça-as. Mas
tem que ser com vontade.
por Sarah Camilo
Nenhum comentário:
Postar um comentário