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sábado, 7 de junho de 2014

Para o dia nascer feliz

por Sarah Camilo


        Para o dia nascer feliz

Um dia Joana, uma criança de apenas cinco anos, perguntou à sua mãe:

- Mãe, o que é ser feliz?

A mãe ficou surpresa com a pergunta da filha e respondeu:

- Jô, ser feliz é...

Ficou sem palavras, pois não sabia o que era “feliz”.

Luiza, mãe de Joana não sabia responder por que estava magoada e ferida. Seu marido a abandonara quando ainda estava grávida. Era apaixonada por Miguel.

Miguel, um advogado bem sucedido de personalidade forte e arrogante, mantinha um relacionamento com a sua secretária que acabara engravidando.

Frio e seco chegou a casa e foi direto ao ponto com Luiza.

- Vou embora de casa.

Luiza estava com o exame de gravidez na mão, pronta para dizer a novidade para o marido. A única coisa que a pobre mulher fez, foi dizer:

- Quem ama deixa livre.

Miguel arrumou as malas e pegou tudo o que lhe pertencia e se foi. Para sempre? Não sei.
Passado os meses, Joana nasceu, foi o momento mais importante para Luiza, um alento, consolo, pois não estava só.

A menina cresceu linda e saudável, alegrava a casa. Toda manhã ao acordar abria o sorriso mais belo e pulava na cama da mãe dando-lhe o melhor abraço.

Luiza ao lembrar-se de cada manhã, de cada tarde e de cada noite com sua filha, pôde responder para Joana.

- Ser feliz é estar com você a cada momento.

Quanto a Miguel, não vou dizer agora.

       A escolha

A escolha que Miguel havia feito não foi a das melhores. No começo tudo parecia estar muito bem, mas depois de um tempo descobriu que a sua nova mulher estava interessada apenas em seu dinheiro, nada mais.

 Paula era uma mulher ambiciosa e calculista, sempre escondia este lado de Miguel. Após se casarem no civil a criança nasceu, uma menina. Paula pediu o divórcio e queria arrancar todos os bens que pertenciam a Miguel.

Em meio a uma vida de tribulações a única pessoa que lhe vinha ao pensamento e no coração era Luiza, tal lembrança trouxera um grande conforto, pensou em até procurá-la, mas seu orgulho não o deixava.

Depois de muito resistir decidiu ir ao encontro de Luiza pedir o seu perdão.

   - Teve grande medo.

Ao chegar à casa de Luiza, uma linda menina abriu a porta, oferecendo-lhe um belo sorriso.

- Ficou sem reação. Surpreso.

- Pausa...

A mulher perguntou lá de dentro:

- Quem é minha filha?

-Filha? Questionou o homem confuso.

-É um homem mamãe. Venha cá.

Ao olhar para o homem e ver que era Miguel, Luiza ficou paralisada, gaguejava.

- Mi... Mi... Miguel? O que está fazendo aqui? O que aconteceu?
A reação que Luiza teve ao olhar para Miguel não foi de revolta, mas de esperança porque ainda amava-o.

Luiza convidou o homem confuso para entrar:

- Entre.
- E então, como você está? Perguntou a mulher.
- Bom! Não sei nem o que dizer, depois de tudo que fiz a você. Disse Miguel constrangido.

Luiza sempre com serenidade procurava acalmar aquele pobre homem.

Miguel ficou ainda mais sem saber o que fazer depois que descobriu que tinha outra filha.

Então ele questionou:

- Por que você não me disse antes?

Luiza respondeu:

- Você não me deu oportunidade para dizer.

Um homem que era tido por arrogante e egoísta se encontrava naquele momento como uma criança em prantos...

A menina observava de longe, não entendia muita coisa. A única coisa que entendeu muito bem é que tinha um pai.

Feliz, pulou nos braços de Miguel, beijou-o e disse bem alto:

- Eu tenho um paizinho.

A vida daquela família nunca mais foi a mesma depois dessas palavras.

Embora Miguel tenha seguido o desejo carnal, Luiza sempre foi o seu grande amor.
Depois de longas horas de conversa, derramando lágrimas de dor, arrependimento e ao mesmo tempo de alegria. Miguel, pela primeira vez disse a sua esposa:

- Eu te amo. Obrigado por tudo.

Luiza respondeu:

- Quem ama deixa livre, eu sempre te esperei.

A filha olhou para a sua mãe e disse:


- Mamãe, eu sou feliz, porque tenho vocês.



OBS: Primeiro conto publicado na revista praia vip, Marataízes.

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