por Sarah Camilo
Para o dia nascer feliz
Um dia Joana, uma criança de apenas cinco anos, perguntou à sua mãe:
- Mãe, o que é ser feliz?
A mãe ficou surpresa com a pergunta da filha e respondeu:
- Jô, ser feliz é...
Ficou sem palavras, pois não sabia o que era “feliz”.
Luiza, mãe de Joana não sabia responder por que estava magoada e ferida.
Seu marido a abandonara quando ainda estava grávida. Era apaixonada por Miguel.
Miguel, um advogado bem sucedido de personalidade forte e arrogante,
mantinha um relacionamento com a sua secretária que acabara engravidando.
Frio e seco chegou a casa e foi direto ao ponto com Luiza.
- Vou embora de casa.
Luiza estava com o exame de gravidez na mão, pronta para dizer a
novidade para o marido. A única coisa que a pobre mulher fez, foi dizer:
- Quem ama deixa livre.
Miguel arrumou as malas e pegou tudo o que lhe pertencia e se foi. Para
sempre? Não sei.
Passado os meses, Joana nasceu, foi o momento mais importante para
Luiza, um alento, consolo, pois não estava só.
A menina cresceu linda e saudável, alegrava a casa. Toda manhã ao
acordar abria o sorriso mais belo e pulava na cama da mãe dando-lhe o melhor
abraço.
Luiza ao lembrar-se de cada manhã, de cada tarde e de cada noite com sua
filha, pôde responder para Joana.
- Ser feliz é estar com você a cada momento.
Quanto a Miguel, não vou dizer agora.
A escolha
A escolha que Miguel havia feito não foi a das
melhores. No começo tudo parecia estar muito bem, mas depois de um tempo
descobriu que a sua nova mulher estava interessada apenas em seu dinheiro, nada
mais.
Paula era uma
mulher ambiciosa e calculista, sempre escondia este lado de Miguel. Após se
casarem no civil a criança nasceu, uma menina. Paula pediu o divórcio e queria
arrancar todos os bens que pertenciam a Miguel.
Em meio a uma vida de tribulações a única pessoa que
lhe vinha ao pensamento e no coração era Luiza, tal lembrança trouxera um
grande conforto, pensou em até procurá-la, mas seu orgulho não o deixava.
Depois de muito resistir decidiu ir ao encontro de
Luiza pedir o seu perdão.
- Teve grande
medo.
Ao chegar à casa de Luiza, uma linda menina abriu a
porta, oferecendo-lhe um belo sorriso.
- Ficou sem reação. Surpreso.
- Pausa...
A mulher perguntou lá de dentro:
- Quem é minha filha?
-Filha? Questionou o homem confuso.
-É um homem mamãe. Venha cá.
Ao olhar para o homem e ver que era Miguel, Luiza
ficou paralisada, gaguejava.
- Mi... Mi... Miguel? O que está fazendo aqui? O que
aconteceu?
A reação que Luiza teve ao olhar para Miguel não foi
de revolta, mas de esperança porque ainda amava-o.
Luiza convidou o homem confuso para entrar:
- Entre.
- E então, como você está? Perguntou a mulher.
- Bom! Não sei nem o que dizer, depois de tudo que fiz
a você. Disse Miguel constrangido.
Luiza sempre com serenidade procurava acalmar aquele
pobre homem.
Miguel ficou ainda mais sem saber o que fazer depois
que descobriu que tinha outra filha.
Então ele questionou:
- Por que você não me disse antes?
Luiza respondeu:
- Você não me deu oportunidade para dizer.
Um homem que era tido por arrogante e egoísta se
encontrava naquele momento como uma criança em prantos...
A menina observava de longe, não entendia muita coisa.
A única coisa que entendeu muito bem é que tinha um pai.
Feliz, pulou nos braços de Miguel, beijou-o e disse
bem alto:
- Eu tenho um paizinho.
A vida daquela família nunca mais foi a mesma depois
dessas palavras.
Embora Miguel tenha seguido o desejo carnal, Luiza sempre
foi o seu grande amor.
Depois de longas horas de conversa, derramando
lágrimas de dor, arrependimento e ao mesmo tempo de alegria. Miguel, pela
primeira vez disse a sua esposa:
- Eu te amo. Obrigado por tudo.
Luiza respondeu:
- Quem ama deixa livre, eu sempre te esperei.
A filha olhou para a sua mãe e disse:
- Mamãe, eu sou feliz, porque tenho vocês.
OBS: Primeiro conto publicado na revista praia vip, Marataízes.
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