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segunda-feira, 30 de março de 2015

(DES) HUMANO

por Sarah Camilo

UM HOMEM. Um olhar distante e solitário. Poucas vestes. Sem mochila. Sem ninguém. Sentado no mesmo lugar. Do mesmo jeito. No ponto de ônibus... Continua.

No primeiro instante achei que era apenas mais um cidadão cansado que estava esperando sentado para apanhar o ônibus e ir para o seu destino. Hoje percebi que era um ser humano desumanizado. Alguém o roubou dele mesmo e talvez nem tenha se dado conta disso. Esse homem continua à margem da sociedade e esse tipo de realidade a mídia não tem interesse em divulgar.

Cadê a inteireza desse homem?

Para onde ele quer ir?

Será que o ponto de ônibus é o que restou de referencial na vida dele? Será que o ponto de ônibus se resume na esperança de encontrar-se? Encontrar o seu caminho? Não sei!

Eu, sinceramente, não sei o que dizer a respeito dessa situação no Brasil, em meu estado, em minha cidade. Acredito que a Avenida Vitória dará sorte a esse tal homem de expressão vazia e sem sentido.

Não há como negar que cada um de nós já passamos por momentos inquietos e difíceis, muitas vezes sozinhos e que esquecemos, por alguns instantes, o sentido da vida e qual é o nosso papel no mundo. Todavia, ainda temos alguém para nos lembrar de quem verdadeiramente somos e que ao invés de nos roubar, roubar a nossa subjetividade, essas pessoas nos devolvem.


Não sei o que levou ou o que leva esse de quem falo a estar sentado. Parado. Vendo a vida passar com olhar triste e com sobrancelhas franzidas. Será que ele tem alguém para lembra-lo de quem ele é? Será? Cadê essas pessoas? Será que ele está as esperando? Mas já passaram tantos ônibus. Já passaram tantas pessoas. Ninguém desceu. Ninguém parou. E ele continua parado. Em silêncio. Sozinho. Em silêncio e sozinho.

segunda-feira, 9 de março de 2015

(Mal) DITO, DITO!

por Sarah Camilo

Quando um silêncio se prolongar é porque está dizendo algo

Espere mais um pouco. Sente aqui e vamos conversar. Quer café? Acabei de fazê-lo! Um cigarro? Não vá embora sem antes resolvermos essa “imparcialidade”. Sem antes resolver esse silêncio “(mal) dito” que, na verdade, eu sei que está dizendo algo, mas é que prefiro ouvir sua voz.

Que tal ouvirmos Muse? “You electrify my life. Lets conspire to ignite. All the souls that would die just to feel alive”. Vamos viajar esse fim de semana? Silêncio!

Nada além de silêncio e perguntas respondidas, sem mais. É só isso e pronto. Pronto! Os devaneios da vida é algo que fica difícil compreender, por isso passamos por situações que, se não fosse uma “força superior”, poderíamos evitar futuros fracassos com o nosso não a nós mesmos.

Tomo meu café e fumo meu cigarro só. Convite recusado! Agora escrevo com a esperança de simplesmente colocar para fora a covardia que me restara. Aos poucos as coisas voltam para o lugar. Coração bate normalmente. Nada de insônia ou vontades. Tudo passa. Está passando... Será? O ato de escrever já é uma lembrança.  


Pois é! Agora você é só uma lembrança. Até que uma lembrança bonita. Tudo é passageiro, até mesmo a própria lembrança

Vá, volte, fique

por Sarah Camilo

Cadê? Corre! Corre! Corre!
Sai, vá embora!
Fique aqui
Vá, mas volte

“cê vai, ocê fique, você nunca volte”
Venha
Não vá
Não se esqueça de mim, mas vá logo!

Estás aqui, sempre
Sempre
O tempo passa
Tu passarás também
Tudo passa

Vá!
Volte!

Fique!