A menina estava vestida com a sua própria liberdade, mas só depois pôde vê-la
por Sarah Camilo
Olhem o vestido dela! Está
cheio de corujas! Gritaram as crianças.
A menina assustada olhou
para o seu vestido com cara estranha. Cara de interrogação! E se questionou
silenciosamente: O que é que tem as corujas do meu vestido? E completou: elas
são tão quietinhas.
Bom, mas essa menina, não
sei o seu nome, voltou para casa encucada com as corujas e com o espanto das
outras crianças. No carro, silenciosa a pensar.
Sua mãe até achou estranho, pois ela é faladeira de costume. Fala, fala,
não respira e fala mais um pouco. Então,
preocupada a mãe perguntou: Você está bem, minha filha? A menina só balançou
com a cabeça, sim!
Obviamente o vestido foi lavado,
mas a essas alturas do campeonato a menina já até esquecera que tinha um
vestido cheio de corujas.
Certo dia, a família marcou
de se reunir para uma festa de aniversário e a mãe pediu para que a menina
pegasse o vestido com corujinhas, pois seria esta a vestimenta para a tal
festa. Aí a menina subitamente gritou: O vestido de corujas!!!!!
Correu ao seu quarto e abriu
ofegante a porta de seu guarda-roupa para pegar o vestido. Para a sua enorme
surpresa o vestido não estava lá, o que encontrara era apenas um vestido branco.
Ou estava? Pensativa desabafou com a mãe: mamãe, o vestido não está lá. Não sei onde está! A mãe insistiu: coloquei-o no
cabide ontem mesmo. Está lá sim!
Pacientemente, virtude que
não lhe pertence, a menina olhou novamente dentro do guarda-roupa. Para a sua
enorme surpresa e espanto viu uma pequena coruja no cantinho do guarda-roupa. Olhou
para um lado e para outro para certificar-se de que não fora alguém que
colocara aquela coruja lá. Olhou de novo. Apavorada deu um grito: AAAAAAAA! Da
sala sua mãe perguntou: Aconteceu alguma coisa? A menina, espertamente
respondeu: Nada não mãe, foi só um susto!
Curiosa que é resolveu retirar
todas as roupas e procurar peça por peça. Bem devagar fechou a porta do quarto.
Queria resolver isso sozinha. Ficou parada em frente ao guarda-roupa, como se
fosse desvendar um grande mistério. Respirou fundo. Abriu as duas portas. E
quando de repente seu quarto é invadido pelas corujas! Pasma, a pobre menina
ficou de boca aberta e sem reação.
As corujas não paravam de
bater as asas. Batiam! Voavam! Batiam! Voavam! Como que suplicando a liberdade!
A menina, corajosamente, foi
até a janela. Abriu-a e deu liberdade às corujas que estavam presas em seu
vestido.
Chorava, chorava muito. Não com sentimento de tristeza por seu vestido
não ter mais nenhuma coruja, mas por ter conhecido e visto com seus próprios
olhos a alegria da liberdade! Mesmo criança, talvez a voz de Deus sussurrasse
em seus ouvidos: Filha, você também pode ser uma coruja. Voe o mais alto que
puder e seja livre!