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segunda-feira, 17 de março de 2014

Eu. Eu mesma. E você?

por Sarah Camilo


Quando um rótulo se atrever a chegar perto de você, despreze-o. É perigoso.

Não, não sou feito você. Pobre medíocre e tolo. Eu sou assim mesmo. Sou à flor da pele. E para me aturar é preciso ser também. Entendeu?

De todos, os que conheci, você foi o mais importante, mas você fez questão de estragar tudo. Todo o sentimento que foi surgindo em mim foi embora, não sei pra onde, mas foi. Vá, por favor, vá!

Não quero mais sofrer por amor. Tenho contas a pagar. Você se responsabiliza? É faculdade, curso extra, roupas, calçados, etc. etc. etc...

Por que tem que ser assim? Por que você não pode ficar comigo, seu idiota? Imbecil! Eu te amo. Não consigo amar outro a não ser você. Você, maldito, está em tudo e em todos. Mesmo que eu transasse com outro estaria gemendo por você. Só por você. Dói. Dói não o pau dele enfiando na minha buceta, mas dói não tê-lo perto de mim, nenhum dia sequer.

Morro de saudade, mas você nem sabe disso porque não falo. Não falo absolutamente nada. Nem pra mim mesma.

Não gosto de submissão e de obedecer a regras. É totalmente fora do meu estilo de personalidade. Entendeu? Se não entendeu, eu entendo, vai demorar um pouco, pois sou assim, desse jeito. Totalmente transparente. Desculpe meu amigo, minha amiga, mas sou assim.

Há quem diga que sou estúpida, mas discordo. Sou eu mesma. Não sou rótulo. Como diz minha amiga e querida Clarice Lispector: para viver é necessário competência. Eu a tenho. Quem não me compreende é que não a tem. E o que eu tenho a ver com isso? Não tenho culpa, ora essa.

Não sou medíocre como você, que pensa que sou como barata, não como a de G.H, mas qualquer barata.  Ah, meu bem. Tenho pena de quem é como você. Você que me lê e não faz o mínimo de esforço para ser diferente e menos idiota, menos medíocre, irritante, e, sobretudo, não ser ROTULADO (A).

domingo, 16 de março de 2014

Mais uma semana vai embora, e para fechar as publicações comemorando o Dia da Poesia, deixo vocês com a companhia do texto “Ser amigo”, Paulo Goulart, que nos deixou. Porém, nos deu de presente o significado simples do que é ser amigo de verdade. Até a próxima!

Ser Amigo 
Paulo Goulart

É o que faz sem perguntar. 
É o que acolhe, participa e ajuda.
É o que ouve, aconselha e respeita.
É o que alerta, aplaude e critica.
É o que partilha a alegria e a dor.
É o que desconstrói construindo.
É o que discorda, não do conteúdo, mas da forma.
É ser fraterno, sem ser irmão.
É fazer mais do que falar.
É não ter dia, nem hora.
É ser o outro, sem deixar de ser você.
É não estar só.
É sonhar.
É saber esperar!
“Para o amigo, tudo! Para os outros, justiça!



sábado, 15 de março de 2014

Sabemos que Minas Gerais é mãe dos nossos grandes poetas. Fernanda Montenegro, artista de primeira, diz que quando vai a Minas sente que está indo “para dentro do Brasil”. E o texto de hoje é de uma mineira que acabei de conhecer (através de textos). Quem nos apresenta é Marina Medici Subtil: Marina é doutoranda em psicologia social e fisioterapeuta. Apaixonada pelo encanto do movimento feito de palavras, gestos e corpos. Estuda a consciência do corpo associada ao encanto e à sincronia dessincronizada do fazer humano de cada dia.


Maria José de Queiroz 

Eu nunca fui uma moça bem-comportada. Pudera, nunca tive vocação pra alegria tímida, pra paixão sem orgasmos múltiplos ou pro amor mal resolvido sem soluços. Eu quero da vida o que ela tem de cru e de belo. Não estou aqui pra que gostem de mim. Estou aqui pra aprender a gostar de cada detalhe que tenho. E pra seduzir somente o que me acrescenta. Adoro a poesia e gosto de descascá-la até a fratura exposta da palavra.
A palavra é meu inferno e minha paz. Sou dramática, intensa, transitória e tenho uma alegria em mim que me deixa exausta. Eu sei sorrir com os olhos e gargalhar com o corpo todo. Sei chorar toda encolhida abraçando as pernas. Por isso, não me venha com meios-termos, com mais ou menos ou qualquer coisa. Venha a mim com corpo, alma, vísceras, tripas e falta de ar...
Eu acredito é em suspiros, mãos massageando o peito ofegante de saudades intermináveis, em alegrias explosivas, em olhares faiscantes, em sorrisos com os olhos, em abraços que trazem pra vida da gente. Acredito em coisas sinceramente compartilhadas. Em gente que fala tocando no outro, de alguma forma, no toque mesmo, na voz, ou no conteúdo. Eu acredito em profundidades. E tenho medo de altura, mas não evito meus abismos. São eles que me dão a dimensão do que sou.


Maria José de Queiroz (Belo Horizonte, 29 de maio de 1934) é uma escritora brasileira. Tem uma longa Carreira los Importantes Universidades na Europa e nos ESTADOS UNIDOS: Sorbonne, Lille, Bordeaux, Aix-en-Provence, Bonn, Colônia, Indiana, Harvard e Berkeley.

sexta-feira, 14 de março de 2014

Hoje, 14 de março, Dia Nacional da Poesia, tenho o prazer em publicar a poesia de uns dos maiores poetas que o Brasil tivera. Carlos Drummond de Andrade nos mostra que poesia não é só declaração de amor, mas de medo, tristeza e realidade. Boa leitura!



Congresso Internacional do Medo


Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio, porque este não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte.
Depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas

quinta-feira, 13 de março de 2014

É com grande alegria que recebo a colaboração de um dos nomes promissores da Literatura Brasileira: Maria Gabriela. Ela nos presenteia com a poesia de Viviane Mosé, assim como nós, capixaba. Maria Gabriela é estudante de Letras inglês, escreve no blog A menina com coração de pássaro (gabipardal.blogspot.com). Vive de poesia e entende que não foi uma escolha feita por ela. Concorda com Leminski quando ele diz que o poeta é poeta porque nasceu com defeito genético, diferente e torto. Ainda assim prefere que a vida seja lida e vivida com vários eu-líricos do que sem eles.


Sem título

Viviane Mosé

Eu não posso mais negar
Uma estranha luz um dia
Entrou por meus olhos e boca
Por meu sexo
Por meus poros

Eu não posso mais estancar
Esta força que aflora
Do meio de minha barriga

Em gestos desconexos vou vivendo
Sob os tapetes da sala
Atrás dos móveis, entre as louças
Sempre está luz a me deixar comovida

Eu não posso mais cobrir
Com cimento
Esta força que insiste em jorrar
Por meus olhos
Perplexos

Eu tenho medo da morte
Eu tenho paixão pela vida
A vida é o que vibra Em minha voz.

(Poema inédito, de Viviane Mosé).

quarta-feira, 12 de março de 2014

E nada melhor para celebrar a poesia do que a própria manifestação da mesma. Com suas leituras, experimentações e vivências. A sua ação, o seu movimento constante de interpretação e significações pela interface da leitura por várias subjetividades. E fico por aqui, com a apresentação do poema: Uma gota, por Jéssyca Fraga.



Uma gota
Ali está... Ínfima, cristalina...

Desprendida pelo orvalhar, ali está.

Acolhe-se sutilmente no verde esmeralda da folhagem...

Em uma folha... Está.

A folha faz-se “César” para com a gota.

Que sem apresentar por menores, aceitas a “honraria”.

Aceitas sendo o que é.

Uma pequena transcendida pela grandeza.

Nela há mares, oceanos, cachoeiras...

Uma imensidão sublimada na matéria e aparência do pequeno.

Basta olhar...

Sentir...

...Inspirar...

A essência,

Que por vezes, é refugada por olhos rasos e oniscientes.

terça-feira, 11 de março de 2014

O que é o amor? O que define tantas sensações, amor ou paixão? Vanúbia Alves não se considera escritora, mas não precisa ser uma se tratando de amor, não é mesmo? E não há melhor maneira de expressar o amor a não ser pela poesia. Boa leitura!

Você chegou de repente


Fala-se muito no amor. E o que seria o amor?
Não tem hora, nem lugar não tem sexo não tem nexo, é uma sensação que nos nutre cada dia. Ah o amor, chega sem pedir licença, invade, descontrola, se perdi, se renova se aloja.

Persegue-nos, nos ignora, nos namora.

O que define tantas sensações e emoções, amor ou paixão? Viva intensamente siga em frente porque vale a pena sonhar, e sonhar é ter você em meus sonhos.
Sua presença me completa, me acalenta. Estou à beira da margem do infinito onde você é meu rio que corre como águas tranquilas.

Teu jeito desconfiado, descontrolado, seu doce olhar que me embriaga seu sorriso encantador. O amor me pegou e quem sabe um dia, um minuto, um segundo sabe lá coisas que só o tempo dirá mais estou com pressentimento que a forma do amor e te amar.

Vanúbia Alves, natural de Mantena, Minas Gerais, Formada em Engenharia de Petróleo e Gás pela Faculdade Unes, Cachoeiro de Itapemirim.



segunda-feira, 10 de março de 2014

Em comemoração ao Dia da Poesia, o blog publicará durante essa semana poesias/poemas que marcaram a vida de amigos seja de outros autores ou de sua própria autoria. E para iniciarmos, Kelyne Lee nos presenteia com a sensibilidade de Adélia Prado.

Ensinamento


Minha mãe achava estudo a Coisa mais fina do mundo. 
Não é. 
A coisa mais fina do mundo é o sentimento. 
Aquele dia de noite, o pai fazendo serão, ela falou comigo: 
"Coitado, até essa hora no serviço pesado". Arrumou pão e café, deixou tacho no fogo com água quente.  
Não me falou em amor. 
Essa palavra de luxo.

Adélia Luzia Prado Freitas é uma escritora brasileira. Seus textos retratam o cotidiano com perplexidade e encanto, norteados pela fé cristã e permeados pelo aspecto lúdico, uma das características de seu estilo único.


domingo, 9 de março de 2014

Partilhar-se

Eu, você, a cama e um guarda-roupa. Nós a sós, fazendo amor, os móveis e as paredes testemunhando a nossa alegria do orgasmo e do carinho que se consuma depois de longas conversas, mensagens e brigas.

Meu corpo totalmente despido por você. Eu ainda com medo dispo o seu corpo e a deixo completamente nua, só para mim e eu só para você. Nossos corpos se encontram num ritual de partilha.

A sua boca compartilha com a minha verdadeira excitação pela vida. A sua língua batiza todas as partes do meu corpo. É uma verdadeira divindade. Sou toda lambida e chupada por seus lábios. As mordidas fixaram, sou toda sua.

Entro em contato com o céu quando você “chega lá”. Ainda tímida, mas ousada, acaricio-a dos pés aos cabelos, desejando saborear cada parte do seu corpo. Saboreio.

 - O que é isso?


Eu, ainda em transe, me entrego a cada instante, a cada segundo, a cada lambida. Você comungou-me. Você me levou ao orgasmo do corpo e da alma.

por Sarah Camilo


sábado, 8 de março de 2014

Mulher da Vida

Simone
Mulher é muito mais que ter um sexo
É mais que ser do homem
complemento
É mais que ser o avesso e o diverso
Mulher é muito mais que sofrimento
Mulher é muito mais que companhia
É mais que ser sujeito ou objeto
É mais que ser amor e alegria
Estrela Montenegro do universo
Mulher é muito mais que mãe e filha
É mais do que eu penso do infinito
É mais que ser amante ou rainha
Mulher é muito mais dO que o bonito
Mulher é a vida
A vida é mulher
Toda mulher é mulher da vida

MULHER É DE AÇO E DE FLOR, MULHER TAMBÉM É POESIA

Quão grande és tu mulher, que de ti nasci
Quão és forte e sensível
Quão choras por dores amargas

Quão grande és tu mulher, que contigo aprendo
Quão és cheia de facetas
Quão és simples

Quão grande és tu mulher, que se faz pequena
Quão és de aço e aguenta as tempestades
Quão és de flores, que floresce nossa vida

Quão grande és tu mulher, és palavra viva
És tu mulher, a poesia viva da vida!

Por Sarah Camilo


sexta-feira, 7 de março de 2014

Socorro!

Medo e terror. Nojo. Pavor. A caminho da faculdade, sentada no ônibus desconfortavelmente, observei do lado esquerdo, marcas de sangue, logo pensei que fosse de algum cachorro ou outro animal que poderia ter sido atropelado. Depois, um pouco a frente, havia uma estranha movimentação de Urubus. Todos eles se deliciavam com a carniça exposta no chão. Não consegui nem ao menos identificar que bicho era a vítima.

Por um instante me lembrei de Oswald de Andrade e do manifesto antropófago no Brasil. Sei que parece estranho, mas é Antropofagia. Não era carne humana, mas era Antropofagia. Diante do panorama político atual no Brasil, não há como negar e deixar de lado a poesia de Andrade, uma vez que o manifesto antropófago faz referência ao povo sendo devorado pela elite, seja na politica ou classe social.

Ver aquele pobre animal destruído, me deixou angustiada. Muitas vezes usamos a expressão “esse bando de urubus em cima de mim”, agora entendo perfeitamente o por quê. O político, em épocas de eleições, fica igualzinho a um urubu nos pobres eleitores que se satisfazem por qualquer saco de cimento, algumas centenas de lajotas, ou por 70,00 mensais, para alguns o valor é até mais. Pobres podres que se deixam devorar pela prepotência e ambição de poder do Poder.

Por que contratar 300 mil policiais cubanos sendo que no Brasil existe milhares de policiais precisando, justamente, de melhores condições de trabalho, viaturas, armas, munições e, sobretudo, proteção e aumento salarial? Mais médicos e mais precariedade na saúde. Segurança nós não temos. E a Educação? Só falta contratar professores japoneses! Enquanto isso, o salário de um educador brasileiro é vergonhoso.

O povo manifesta, o Governo devora!

O povo grita, o Governo se cala!

O povo reivindica saúde, educação e segurança, afinal são os três pilares que sustentam o discurso de qualquer político.


O Governo diz: “Meus amigos”, “minhas amigas” o Brasil vai bem, muito obrigado!

por Sarah Camilo

VONTADE?

Quando uma palavra soa estranha pra você, cuidado. Pois ela pode estar se sentindo sufocada e com vontade de sair pela boca para voar.

Vontade. Essa palavra nunca me pareceu tão esquisita como hoje. Nunca. Nunca mesmo. A pronúncia “Von” parece que há algo de errado com a palavra, no que diz respeito à escrita. Vontade. Tenho vontade de que? Não sei. Uma diabólica sensação de angústia me tomou de súbito quando escrevi a palavra VONTADE.

Por mais simples que parece, por mais doce que possa parecer, por menor que seja a palavra, ela pode destruir e confundir tudo o que você aprendeu até agora. A dúvida patética de que se é “von” ou “van” TADE. A palavra bate no conhecimento como uma marreta bate no alicerce de uma construção, e que em apenas uma batida toda estrutura estremece, e não demora muito tempo para que a construção caia por terra.

É no desmoronamento de algo, da vida, da construção não de uma obra, mas de um texto, é que a palavra nos dá a graça de RECOMEÇAR. A palavra destrói e ela mesma, a própria nos leva a começar tudo de novo com VONTADE. Cuidado com a palavra nunca é demais. Nunca. Assim como nós, a palavra é um organismo VIVO, ela também pode matar, mas também vivifica.

Ah, vontade de escrever mais. Vontade de amar sem querer nada em troca. Vontade de ter alguém pra abraçar. Vontade de ser feliz. Vontade de sorrir e de chorar. Vontade de ser “mundamente” louca. Vontade de ser diferente. Vontade de ser simples. Vontade de me encontrar e ser encontrada. Vontade de apenas ser. Vontade de gozar loucamente e depois rir, rir muito. Vontade de beber com os amigos. Vontade.

De tanto repetir “VONTADE”, estou apaixonada pela vontade que invade a minha alma. Não ainda de quê, mas sinto. Ainda há palavras que estão com vontade de serem tecidas. Teça-as. Mas tem que ser com vontade.

por Sarah Camilo