Aos 17 anos me sentia vazia e sem nada para fazer.
Um dia observei de longe uma pessoa nas noites de Copacabana, caminhando no calçadão.
E eu, estava na areia contemplando o mar, respirando o ar carioca. Essa pessoa foi se aproximando e quando chegou perto de mim a convidei para sentar comigo e aproveitar a noite. Ao sentar do meu lado, olhei bem em seus olhos e sorri. Quase pude tocar na maresia que se estabeleceu entre mim e ela.
Por enquanto, prefiro tê-la por codinome beija-flor.
Trocamos algumas poucas palavras, o olhar falava muito mais, muitas coisas e muitas palavras. Depois de um tempo, toquei-a, observando cada detalhe de seu corpo.
Ela olhava pra mim de um jeito constrangedor e delicado.
Nunca nos vimos antes, mas nos sentimos naquele momento.
Ainda ouço as ondas do mar se quebrando num vai e vem até chegar a nossos pés.
Foi muito bom viver aquele momento, jamais esquecerei. Anseio por outros melhores.
A vida é curta e nenhuma tecnologia acompanha a sua velocidade.
Quando isso aconteceu, estava com uns 20 anos, lembro-me perfeitamente do seu rosto, mulher sensível e linda. Os seus cabelos macios dançavam na ventania noturna carioca.
Sabe? Depois que parei para perceber melhor o seu rosto... Aquele olhar não me era estranho. Olhos castanhos claros. Suas mãos delicadas, sensibilidade singular.
Chorei! Chorei de alegria por saber que ela ainda estava ali comigo.
A praia de Copacabana foi testemunha de uma cena de amor real e intensa já vivida por mim.
Luiza Brandão (heterônimo de Sarah Camilo)